segunda-feira, 2 de junho de 2014

Ceará completa hoje 100 anos atravessando o melhor momento de sua história

 
1915 O time do ano em que o Rio Branco passou a se chamar Ceará; 1947 Após pior período de sua história, quando se organizou e construiu Porangabuçu; 1963 Time tricampeão, na década que terminou com a maior conquista até hoje; 2010 Na primeira divisão, disputa contra os principais clubes do resto do País; 2014 A conquista do tetra no ano do centenário: sem dar espaço para o maior rival.
 
No dia 2 de junho de 1914, as cores preta e branca invadiram memória e paixão do torcedor cearense para nunca mais deixá-las. Nascia o Ceará Sporting Club. Hoje, o Vovô completa um século de glórias, superações, títulos, tempos bons e outros nem tanto. É o centenário de agremiação que conheceu o sucesso e a crise ao longo desse percurso. Mas aproveitou tanto as altas quanto as baixas para tornar-se forte. Em entrevista ao O POVO, pesquisadores da trajetória alvinegra contam o que fez do clube de Porangabuçu uma potência longeva no futebol. Onde mora - e se alimenta - a força do "time do povo".

Como tantos outros times surgidos na época, o Ceará foi fundado por pessoas de boa condição econômica (Luís Esteves Júnior e Pedro Freire tiveram a ideia inicial para fundação do Rio Branco, primeiro nome do clube). Contudo, a equipe inovou ao acolher camadas populares. Assim, iniciou a conquista de parte grande e fiel de sua torcida.

"Fato é que o Ceará foi um dos primeiros times que permitiram que jogadores pobres e negros atuassem pelo clube. Por isso, causou uma empatia muito grande com o povo e acabou se tornando a equipe mais popular", explica o historiador Airton de Farias, autor do livro Ceará - Uma história de paixão e glória.

Não só de adesão das massas se faz um grande clube. É preciso alimentar o torcedor com estímulos. E o Ceará também cresceu com o principal deles: a rivalidade. "Ceará e Fortaleza não são rivais porque são os maiores clubes cearenses, são os maiores clubes porque são rivais", destaca o pesquisador Pedro Mapurunga. "A partir de 1922, foi iniciado o Clássico-Rei. E a vontade de um ser maior do que o outro foi que perpetuou ambos. A paixão do torcedor pelo time foi aumentando pela vontade de ser o maior", acrescenta.

REINVENÇÃO
Todo time de longa história tem momentos ruins e bons. O Ceará passou por crises profundas. Porém, com criatividade e planejamento, saiu delas mais forte.

Nenhuma má fase foi maior que a enfrentada entre 1943 e 1945. "Os clubes, na época, tiveram de se profissionalizar. Os jogadores precisavam ganhar para receber. O Ceará não. Foi muito difícil bancar os jogadores todos os meses", conta Mapurunga. Em 1945, o time nem sequer participou do Campeonato Cearense. "Viveu um período muito dramático. Não chegou a ter risco de acabar, mas o baque foi muito forte", diz Airton de Farias.

A saída imediata foi reformular seu cotidiano e estrutura. O Vovô fundou a sede na avenida João Pessoa. Lugar onde conseguiu mais apoio de sócios para se reestruturar. "Isso foi fundamental para criar identidade. Ele é o clube de Porangabuçu. Gerou empatia com a localidade e com a torcida", analisou Farias.

Após a reinvenção, o Ceará se estabeleceu entre as principais agremiações do Nordeste, em parte em função da gestão histórica de José Elias Bachá.

MOMENTOS DE GLÓRIA
O Ceará é o time que detém maior número de títulos no Campeonato Cearense. Porém, dois momentos nos 100 anos para além do âmbito local se destacaram, levando o clube a outros patamares de relevância e reconhecimento. "Os momentos de auge foram 1969, que foi quando o Ceará ganhou o título Norte-Nordeste, e também o ano de 2009, com o acesso ao Brasileirão", diz Mapurunga.

Com dívidas trabalhistas sanadas e administração equilibrada, hoje, para os pesquisadores consultados, o Alvinegro vive seu melhor momento da história. E comemora o centenário líder da Série B e com esperança real de fechar o ano com novo acesso à Série A do Brasileirão. Força suficiente para acreditar em outra virada de século. Com o peso da camisa acima de qualquer turbulência.

POR QUE VOVÔ
O apelido Vovô surgiu quando foi aberto o campo de treinos do Ceará. Com a novidade, a molecada das bases do América-CE frequentava o local para brincar. O presidente do Ceará na época, Meton de Alencar Pinto, os chamava de "meus netinhos". E eles, com carinho recíproco, passaram a chamá-lo de "Vovô".

TIME DO POVÃO
Indo de encontro ao elitismo da época, o Ceará foi o time cearense que abriu as portas para jogadores pobres e negros. Na época de crise, início dos anos 1940, muitos jogadores alvinegros eram "maltrapilhos". Jogavam por amor ou tinham outras profissões. Alguns até viviam de favor na casa de torcedores, próximo à sede do clube, na Avenida João Pessoa.

1915
O time do ano em que o Rio Branco passou a se chamar Ceará

1947
Após pior período de sua história, quando se organizou e construiu Porangabuçu

1963
Time tricampeão, na década que terminou com a maior conquista até hoje

2010
Na primeira divisão, disputa contra os principais clubes do resto do País

2014
A conquista do tetra no ano do centenário: sem dar espaço para o maior rival
Fonte: Jornal O POVO

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