sábado, 14 de julho de 2012

Refinaria no Ceará é estratégica para o Brasil

Especialistas do mercado de petróleo defendem que refinaria no Estado vai diminuir as distâncias e, consequentemente, os custos na distribuição de combustíveis pelo País. Importação de diesel poderá ser reduzida

Imagem ilustrativa retirada do Google
Nem só de argumentos políticos se faz o discurso que defende a refinaria no Ceará. Especialistas do mercado de petróleo entram com a defesa técnica: a refinaria no Estado é ponto estratégico para facilitar a logística e diminuir custos.

Tem mais. Segundo eles, o refino de alta qualidade da futura Premium II vai não só atender ao mercado interno como irá gerar excedente suficiente para a exportação. O Brasil deixaria então de importar diesel e se equilibraria a balança comercial do setor.

O País tem 13 refinarias, das quais 11 são operadas pela Petrobras. O número, de acordo com o consultor de petróleo e gás, Bruno Iughetti, seria suficiente para atender à demanda interna de 2 milhões de barris por dia, não fosse a extensão territorial do Brasil.

“Com a extensão continental do País, é muito grande o custo com a logística de distribuição de combustíveis, principalmente para o Nordeste”, afirma. Enquanto São Paulo tem 4 refinarias, todo o Norte e Nordeste contam apenas com a refinaria da Bahia e outra pequena em Manaus.

“Fortaleza até se utiliza dessas duas refinarias, mas ainda é preciso vir um navio de outras regiões, especialmente do Sudeste. Há um desequilíbrio que precisa ser corrigido”, diz o consultor.

É por isso que ele defende a refinaria Premium II. “Fortaleza é o epicentro do Nordeste. Então, a refinaria do Ceará vai ter importância estratégica. Vamos ter custo menor no transporte e logística mais simples. Não precisaríamos nem das refinarias do Maranhão (Premium I) nem da de Pernambuco”, explica.

O professor de engenharia química da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mardônio Lucena, engrossa o coro. “Para transportar combustível do Sudeste até aqui, se gasta mais combustível. E acaba se pagando mais por ele também. O Nordeste precisa dessa refinaria”, argumenta.

O consumo maior de gasolina no Brasil – pela falta de competitividade do etanol – e o desequilíbrio na produção brasileira do mix de derivados do petróleo ainda estimulam a importação de óleo diesel. A Premium II, com excelência na fabricação de diesel e gasolina, poderia suprir essa demanda crescente e evitar a importação.

“A refinaria do Ceará terá perfil de produtos de excelência. Vamos deixar de importar diesel, vamos atender plenamente o mercado interno e ainda exportar o excedente”, avalia Bruno Iughetti.

Busca por sócios
Conforme publicado no O POVO, no último dia 12, o governador Cid Gomes disse que a refinaria do Ceará poderá ser construída em sociedade da Petrobras com outros investidores, estrangeiros ou brasileiros, para que o cronograma seja acelerado. 

O governador disse ontem ao O POVO que voltará a conversar com grupo de investidores da Inglaterra, com o qual já conversou no passado. Cid também vê possibilidade de interesse de investidores coreanos. “Estou conversando com pessoal da Dongkuk (sócio da siderúrgica) para que eles me ajudem a abrir canal na Coreia”, disse.

Para Iughetti, no entanto, a captação de sócios para a refinaria não será fácil, por conta da retração econômica mundial e do interesse da Petrobras em investir no pré-sal. “O custo para investir em águas profundas é altíssimo. Com o petróleo a, no máximo, US$ 110 o barril, se torna um negócio de pouco retorno para o investidor”, avalia.

O barril teria que custar de US$ 135 a US$ 140 para ser hoje um bom negócio. Sem contar o baixo retorno econômico de refinarias. “Quem tem capital quer investir onde há taxa de retorno mais atraente. Acho que a Petrobras é capaz financeiramente de bancar essa refinaria sozinha”, diz.

Mas o professor da UFC, Mardônio Lucena, não concorda. Diz que o mercado energético sempre é um bom investimento, pela demanda constante.

Ele diz que a crise europeia não deve interferir na captação de investidores para a refinaria. No entanto, também acha que a Petrobras possa 100% do investimento.

“Talvez, só momentaneamente, a Petrobras não esteja conseguindo aportar recursos para a Premium II, mas o potencial que se vislumbra com o pré-sal é grande. Interesse na construção de mais refinarias não falta”, acredita. (Colaborou Jocélio Leal)

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Especialistas acreditam que a Petrobras tem total interesse em construir novas refinarias, porque ela quer explorar as enormes jazidas de petróleo do pré-sal. Mas as promessas da estatal têm tropeçado nos planos da nova diretoria.
Fonte: OPOVO

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