sábado, 30 de junho de 2012

Crônica: Eu não voto na simpatia!

"Eu voto em fulano porque ele é um cara legal com a gente!". 

Esta frase é mais comum do que a gente pensa, e "justifica" muitos dos votos recebidos por candidatos que são de fato "gente fina". Alguns eleitores estabelecem a "simpatia" do candidato como fator preponderante na hora de escolhê-lo como representante do povo. Parece surreal, mas isso é um fato. Poucos são os eleitores que conhecem ou buscam informações sobre o histórico do candidato. E mesmo que o candidato possua um currículo brilhante, de relevantes serviços prestados à população, dificilmente alguém votará nele baseado apenas nisso.

Em cidades pequenas, como a nossa, muitos candidatos são nossos conhecidos desde a infância. Há uma proximidade enorme entre o eleitor e o candidato, prevalecendo naturalmente as relações mantidas por estes além dos limites da política - acompanhamos a trajetória política e pessoal de perto até dos candidatos menos próximos. No interior é assim: todo mundo conhece todo mundo, influindo consideravelmente na hora de votarmos. Ou seja, nutrimos uma simpatia por determinados políticos em função da proximidade que temos com estes. 

Em época de campanha é comum vermos candidatos "rebeirando" os eleitores, deixando evidente que tal aproximação é forçada, em busca de uma "camaradagem" temporária. Um aperto de mão, um aceno, uma buzinada, um simples "oi" são estratégias para transmitir a imagem de "candidato do povão", que interage e participa do dia-a-dia dos eleitores. É esse tipo de comportamento que os possíveis votantes mais questionam nos candidatos locais. A presença de alguns políticos no meio do povo é constante em tempos de campanha, porém, ao passar o pleito desaparecem tão rápido quanto surgiram. Mas, o eleitor é esperto. Se faz de amigo do candidato, lhe enche de agrados e retribui em doses semelhantes as promessas feitas. O deixa a vontade, fazendo sentir-se praticamente um morador da comunidade. Alguns eleitores são especialistas em misturar cortesia, educação e malícia, tal e qual alguns dos nossos políticos. Vale lembrar que existem os políticos verdadeiramente simpáticos, que convivem e sabem da realidade de cada um.

Há poucos meses da eleição, nossa cidade já sente o fervilhar do caldeirão da política (aliás, o assunto política é algo que nunca sai de nossas mentes). As articulações políticas dos pretensos candidatos já se tornou parte da campanha eleitoral bem antes da campanha oficial iniciar. O povo tenta adivinhar quem apoiará quem, quem será o vice de quem, quais vereadores se reelegerão, quais sairão, quais entrarão. É tempo de comparar o antes e o depois de uma cidade que vem atravessando uma crise existencial sem precedentes. De certa forma, perdemos muito de nossa identidade. A política e seus meandros, as relações entre candidato e eleitor, os interesses pessoais e os coletivos, as mudanças de gestão e a visível apatia de nossa gente frente ao futuro da cidade tem emperrado o desenvolvimento social e econômico do município.   

A eleição muitas vezes é vista apenas como um ato de escolha. Muitos não compreendem a dimensão que tem o ato de votar e dificilmente isso mudará, pois essa inconsciência está enraizada em nossa cultura política. Para que surja uma nova política é necessário que nós, eleitores, façamos melhor uso do voto. A "simpatia" dos candidatos não deve ser tida como um quesito de escolha, mas sim, sua visão política, seu caráter, sua disposição e vontade de trabalhar em prol dos cidadãos que representa. 

Claudimar Silva
Editorial
Fonte: A Cidade Icapuí

Um comentário:

  1. A reflexão muito bem feita, realmente essa é nossa realidade, por isso que não conseguimos melhorar a qualidade de vida do cidadão. A tal "simpatia" prevalece na hora do voto,os que tem histórico de vida política limpa, serviço prestado como profissional, projetos para cidade e vontade de trabalhar, não consegue chegar lá porque a tal "simpatia" é a soberana para os menos esclarecidos e oportunistas que preferem ter ganhos imediatistas a pleitear um futuro mais digno para si e para sua família.

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