quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Lagosta ganha sustentabilidade e melhor preço


Publicado em 19 de outubro de 2011 


 Ele veio conhecer a experiência de se comercializar a lagosta ainda viva, numa forma de favorecer a sustentabilidade da captura e criar mecanismos de comércio favorável para os pescadores artesanais. Os tanques estão instalados na Colônia Z-10, na Caponga.
Prefeito de cascavel, Décio Munhóz, e ministro
da Pesca, Luiz Sérgio, na visita a Colônia
Z-10, onde há a experiência mais avançada
do "Lagosta Viva"
JOSÉ LEOMAR
Para Luiz Sérgio, ao se optar por esse modelo, a captura da lagosta praticamente exclui metodologias predatórias, como os mergulhadores e as caçoeiras, preservando as formas convencionais e que têm representado numa redução da oferta.
O ministro diz que há outros Municípios que também passaram a apostar na iniciativa. Citou, como exemplo, as localidades de Beberibe e Icapuí, no Ceará; Areia Branca, no Rio Grande do Norte e, em fase de implantação, Cabedelo, na Paraíba, e Porto de Galinha, em Pernambuco.

"São ações que já têm mudado a realidade de muitas famílias, que sobrevivem desse setor. Isso porque conseguem obter melhor preço, aproveitando não apenas cauda, mas também todo o corpo, e garantindo uma procedência relacionada à forma de captura e tamanho e peso ideal exigidos de forma legal", disse Luiz Sérgio.

Para o assessor técnico da Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura no Ceará, Paulo Lira, os efeitos na economia do pescador artesanal são consideráveis.

Enquanto que na forma ainda predominante no mercado é adquirida apenas a cauda, o valor do quilo fica em torno de R$ 35,00 ao produtor. No caso da lagosta inteira, o custo sai por R$ 22,00 o quilo, mas deve-se levar em consideração que são necessários três espécimes inteiras para se obter um quilo de cauda. Com isso, o ganho fica acima dos 25%.

Paulo Lira diz que outro impacto importante é na diminuição da captura predatória. Como outras formas implicam na morte imediata, uma regulamentação para a comercialização do item somente vivo reduziria as práticas insustentáveis e que tanto têm sido responsáveis pela queda na oferta, quanto por conflitos no mar, entre aqueles que mantêm a pesca convencional no litoral cearense.

Modus Operandi
A experiência está longe de ser um cultivo em cativeiro. Paulo Lira diz que se trata apenas de um depósito temporário, no máximo de cinco dias, a fim de que seja favorecido o comércio. Também é um momento em que a espécie faz uma "limpeza" dos resíduos de alimentos. Com recursos do Governo Federal, foram construídos quatro tanques de fibra de vidro. Com recursos da Prefeitura criou-se um sistema de irrigação que traz a água diretamente do mar. Quando os pescadores chegam do mar com as lagostas, podem mantê-las vivas até a compra.

O prefeito de Cascavel, Décio Munhóz (PT), lembra que o projeto foi implantado em 2008, quando já eram notórios os conflitos com a pesca ilegal. No entanto, as ações foram emplacando em 2009, com a concessão do terreno e do imóvel. Em 2010, por conta da pouca produtividade, não houve a rentabilidade esperada para os pescadores locais.

No entanto, a face do negócio começou a mudar este ano. Segundo Décio, houve não apenas um aumento da adesão dos pescadores que compõem a Colônia Z-10, localizada na Caponga, como um estreito canal de vendas com os compradores, reduzindo de forma significativa a exploração que havia até então com a presença dos atravessadores. Também presente à visita do ministro, o secretário de Pesca e Aquicultura do Ceará, Flávio Bezerra, elogiou a iniciativa que vem sendo empreendida pelo Governo do Estado.

No entanto, reclamou da baixa produção. "Se hoje tivéssemos produção, todos esses tanques estariam cheios. Soube que aqui foram reunidas lagostas capturadas há mais de uma semana", disse.

Com isso, contraria a norma de que a presença no tanque deva ter um limite máximo de cinco dias. Flávio Bezerra também criticou a fiscalização federal pouco ostensiva no mar para coibir a pesca ilegal.

CRIAÇÃO DE CAMARÃO

Ministro apoia projeto de carcinicultura comunitária

Ainda na agenda de Luis Sérgio, ele conheceu o projeto de carcinicultura comunitária em Icapuí
"Quando o projeto se iniciou é muito provável que tenha havido abusos contra o meio ambiente. No entanto, devemos aprender com os erros, porque tenho a convicção de que é possível uma criação de camarão de forma sustentável".

As famílias de Icapuí estão sendo beneficiadas com o projeto
de criação de camarão em cativeiro
DIVULGAÇÂO
A afirmação é do ministro Luiz Sérgio Nóbrega, ao comentar a visita à Icapuí, onde também conheceu o projeto de carcinicultura comunitária, que vem sendo desenvolvida na Praia de Redonda.

A iniciativa já conta com o apoio do Governo Federal, por meio da Fundação do Banco do Brasil, que financia a iniciativa atendendo 25 famílias. Essas atuam em 25 hectares, na produção de camarão.

Contudo, Luiz Sérgio disse que os acertos obtidos em Icapuí despontam para uma expansão do projeto. Atualmente, existem cerca de 300 hectares de terras onde antes funcionavam salinas, e que podem servir para a criação de camarão em cativeiro, sem agressões ao meio ambiente.


Correções
"Os erros do passado devem ser corrigidos, porque tenho a convicção de que podemos manter a atividade, sem agredir a ecologia. Os equívocos aconteceram por desconhecimento, o que não é o nosso caso no momento", acrescentou o ministro.

Ele criticou a forma como se tem generalizado as práticas predatórias praticadas em alguns setores da carcinicultura. Ele disse que há exemplos bem sucedidos e esses devem espelhar para que a atividade se desenvolva ao longo do litoral do Estado e outras regiões.

Impacto
"Temos que considerar o impacto econômico que isso representará para muitas famílias instaladas no litoral e nos rios. Se em Icapuí a iniciativa já favorece 25 famílias, imagine o que poderemos obter quando chegarmos a uma meta de 300 famílias", disse Luiz Sérgio.


Para o ministro, o Governo Federal pode participar com apoio financeiro aos projetos, além da assistência técnica. Ele disse que a exemplo do que acontece com o Projeto Lagosta Viva, que tem crescido na Caponga desde 2009, espera que a carcinicultura se desenvolva ao longo do litoral do Ceará. Além de Icapuí, também há áreas salinizadas em Camocim.

Hoje, no último dia da visita ao Ceará, o ministro estará em Camocim, no extremo Litoral Oeste do Estado, onde visitará o Terminal Pesqueiro Público, em Itarema e Acaraú. No primeiro, pela manhã, participará do lançamento do selo verde do Camarão em Acaraú. Depois, visita o Centro de Pesquisas em Aquicultura Rodolph Von Lhering, em Pentecoste.

Solução
"Durante muito tempo, gente do Sul e Sudeste do País via o Nordeste como um problema. Atualmente, estamos percebendo que é a região da solução. Não apenas porque tivemos bons presidentes, como Lula e agora Dilma, que fez o Brasil avançar, mas porque o povo passou a ter mais esperança", disse o ministro.

Ele lembrou que a região apresenta várias oportunidades de emprego e renda. Citou como exemplo a instalação de estaleiros em Pernambuco, bem como a possibilidade de mais negócios ligados à pesca.

Luiz Sérgio lembrou que as reivindicações ouvidas no Ceará serão refletidas por sua equipe no Ministério. "Temos ouvido falar muitos nos conflitos envolvendo os pescadores de lagostas. Infelizmente, são práticas antigas, mas isso não vai nos inibir em buscar uma saída", afirmou. Ele disse que a própria expansão do litoral cearense, com mais de 540 quilômetros, dificultam uma operação de fiscalização mais ostensiva, além de ser de alto custo.

Benefícios300 famílias deverão ser beneficiadas com a expansão do projeto de carcinicultura comunitária, em Icapuí. As atividades ocorrerão em 300 hectares de terras, onde antes funcionavam salinas.

Mais informações 

Projeto Lagosta Viva Colônia de Pescadores Z-10
Praia da Caponga - Cascavel
Telefone: (85) 3334.8303


Marcus Peixoto
Repórter
Fonte:http://diariodonordeste.globo.com

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