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O que me chama atenção da diferença existente entre aquela época e a de hoje, não é somente a expansão do Evangelho, e, sim nos objetivos que ontem se queria e que hoje se quer alcançar. Naquele tempo meu pai, Antônio Jerônimo, junto com outros como: Chico Crispim, Antônio Severiano, Irmão Zinha, faziam esse trabalho por amor as suas convicções e o exemplo verdadeiro é que essas pessoas sempre viveram independentes da religião e jamais a usaram para se promover ou se engrandecer através dela, ao contrário do que observamos nos dias de hoje, onde se vê cada dia mais pessoas usando o nome de Deus como um meio de sobrevivência ou autopromoção, e, a política tem sido o setor da sociedade onde isso tem acontecido com mais evidência.
A representação da ala religiosa no Congresso Nacional vem crescendo a cada eleição e hoje tem um número bastante significativo, chegando a quase 70 representantes. Esse crescimento seria muito bom se todos esses representantes estivessem lá com o único objetivo de criar ou fazer políticas voltadas para a defesa deste seguimento na sociedade, mas o que temos presenciado são ações individuais, que não se espera de nenhum representante do povo, muito menos daqueles que se dizem representantes de Deus, quem não se lembra do escândalo das ambulâncias há alguns anos atrás, onde em uma determinada relação de envolvidos aparecia quase 20 nomes destes representantes. Aqui no nosso município também há um envolvimento muito grande da religião na política, do lado da Igreja Católica o seu representante maior, quer queira ou não, é sempre um forte candidato em qualquer pleito, mesmo não tendo ainda disputado nenhuma eleição a nível municipal, seu nome, merecidamente, sempre é envolvido nas discussões eleitorais.
Pelo lado da Igreja Evangélica, o atual prefeito é há muito anos o seu maior representante, com uma trajetória de sucesso como Vereador, Vice-Prefeito e agora Prefeito, mas é exatamente com o cargo atual e por estar sendo o primeiro prefeito evangélico do nosso município que se esperava uma condução mais amena e apaziguadora no tratamento das relações políticas. Contrariando tudo isso, desenvolveu-se no município, por parte de alguns políticos, uma praxe de se fazer discursos recheados de textos da Bíblia Sagrada. Até aí tudo bem, mas o estranho é que as citações sempre são em defesa daqueles que as citam, qualificando-os como santos ou ungidos, enquanto os que não concordam com suas práticas ou políticas são tachados de malvados, maldosos, perseguidores ou no mínimo de derrotados, como se a Bíblia tenha sido escrita apenas para essas pessoas ou se Deus estivesse no céu trabalhando única e exclusivamente para elas. Destilam seu veneno em cada versículo citado e usam, sem o menor pudor, o nome de Deus para manter cativos àqueles que acreditam ser Deus um ser de vingança ou de castigo, antes mesmo de ser puro, amor e perdão.
O que quero deixar claro é que já se foi o tempo em que, se dizer ser representantes de Deus bastava, para que crêssemos que estas pessoas fossem idôneas ou que usassem o Evangelho com o propósito único de salvar almas, ao contrário, hoje temos que observar bastante, principalmente os políticos, pois já está difícil vê-los cumprir seus papéis de servidores públicos, quanto mais de servos de Deus. Precisamos refletir mais sobre o contexto em que estamos inseridos, para assim reconhecermos a quem devemos adorar e dizer amém.
Texto de autoria de Jerônimo Felipe
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