As cascas do coco
verde correspondem a 80% do peso bruto do fruto. No entanto, ao
contrário das cascas de coco seco, que são utilizadas tradicionalmente
para a produção de pó e fibra, o resíduo do coco verde é descartado.
Disposto em aterros e lixões, contribui para a aceleração do esgotamento
da capacidade de acumulação por causa do grande volume.
O processo de obtenção do pó e da fibra da casca de coco verde é
feito mecanicamente com a utilização de um conjunto de equipamento
desenvolvidos em parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) Agroindústria Tropical com a metalúrgica Fortalmag. Em
Fortaleza, esse tipo de aproveitamento e outros estarão em discussão
entre os dias 26 e 28 de agosto, na Feira Nacional do Coco (Fenacoco),
no Marina Park Hotel.
Ações sustentáveis de reaproveitamento da casca do coco verde;
mercado e perspectivas da cultura do coco no cenário nacional e
internacional; e irrigação com energias renováveis são alguns dos temas
que serão abordados. Feira tratará, ainda, de legislação, formas de
cultivo, setor alimentício (humano e animal), automobilístico,
fabricação de papel, paisagismo e construção civil.
Esta edição da Fenacoco traz atambém novidades, como concurso
gastronômico, feira de artesanato e desfile de moda, todos utilizando
como matéria-prima o coco.
Durante a Feira, pesquisadores de instituições como a Embrapa,
Universidade de São Paulo (USP), Universidade Católica do Pernambuco
(Unicap) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se reunirão com
produtores, empresários, ambientalistas e gestores dos setores público e
privado nas discussões dos temas e nas proposições de novas ideias para
o setor.
A Fenacoco é realizada pelo Instituto Ecoco, com apoio do governo
federal, Banco do Nordeste (BNB), Embrapa, Departamento Nacional de
Obras contra as Secas (Dnocs), Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e
Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece).
Usos diversos
Segundo a Embrapa Agroindústria Tropical, a fibra pode ser usada na
confecção de diversos produtos de utilidade para a agricultura,
indústria e construção civil, em substituição a outras fibras naturais e
sintéticas.
Tecida em forma de manta é um excelente material para ser usado em
superfícies sujeitas à erosão provocada pela ação de chuvas ou ventos,
como em taludes nas margens de rodovias e ferrovias, em áreas de
reflorestamento, em parques urbanos e em qualquer área de declive
acentuado ou de ressecamento rápido.
Compósitos reforçados com fibras naturais podem ser uma alternativa
viável em relação àqueles que usam fibras sintéticas como as fibras de
vidro. As fibras naturais podem conferir propriedades interessantes em
materiais poliméricos, como boa rigidez dielétrica, melhor resistência
ao impacto e características de isolamento térmico e acústico.
Na indústria de embalagens existem projetos para a utilização da
fibra de coco como carga para o PET, podendo gerar materiais plásticos
com propriedades adequadas para aplicações práticas e resultando em
contribuição para a resolução de problemas ambientais, ou seja,
reduzindo o tempo de decomposição do plástico.
A indústria da borracha é receptora também de grande número de
projetos envolvendo produtos ecológicos diversos, desde a utilização da
fibra do coco maduro e verde na confecção de solados de calçados, até
encostos e bancos de carros.
Utilizada há várias décadas como um produto isolante em diversas
situações, a fibra de coco tem hoje uma diversidade de aplicações, pelas
características que apresenta. Devido às suas excepcionais performances
acústicas, a fibra de coco verde e maduro contribui para uma redução
substancial dos níveis sonoros, quer de impacto, quer aéreos, sendo a
solução ideal para muitos dos problemas na área acústica, superando
largamente os resultados obtidos com a utilização de outros materiais.
Ademais, a crise energética mundial das últimas duas décadas tem
motivado o desenvolvimento de pesquisas sobre o fibro-cimento ou ou
fibro-concreto devido ao fato de a fabricação de cimento exigir menor
demanda de energia comparada com a necessária à fabricação do aço ou dos
plásticos.
Assim, no Brasil, a utilização da fibra de coco verde na construção
civil pode criar possibilidades no avanço da questão habitacional,
através da redução do uso e do custo de materiais, envolvendo a
definição de matrizes que inter-relacionam aspectos políticos e
socioeconômicos.
Além dos usos já citados a fibra da casca de coco verde pode ser
utilizada na confecção de vasos, placas e bastões para o cultivo de
diversas espécies vegetais. Além de substituírem os produtos
tradicionais a base de barro, cimento e plástico, também substituem os
subprodutos extraídos do samambaiaçu, espécie vegetal da mata atlântica
ameaçada de extinção.
Desta forma a comercialização de vasos, placas e bastões de fibra da
casca de coco verde, busca a inserção no nicho de mercado ocupado hoje
pelo xaxim que é um produto de exploração cada vez mais restrita pela
legislação brasileira.
A confecção de artesanatos variados também representa uma importante
forma de aproveitamento da fibra da casca de coco verde, haja vista que o
Brasil tem sido cada vez mais um importante destino para os turistas de
outros países, grandes consumidores deste tipo de produto.
Os principais Estados potenciais consumidores deste tipo de produto são: São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo.
Assim como a fibra o pó da casca de coco verde também pode ser
utilizado na confecção de artesanato, compondo uma massa moldável que
pode originar uma grande gama de produtos.
A parte fibrosa do coco maduro, ao ser beneficiada, produz fibras e
uma considerável quantidade de pó. Esse material (pó de coco) é
amplamente utilizado em diferentes partes do mundo como substrato para
plantas.
O substrato obtido a partir dos frutos maduros do coco tem se
mostrado como um dos melhores meios de cultivo para a produção de
vegetais, principalmente em função de sua estrutura física vantajosa,
que proporciona alta porosidade e alto potencial de retenção de umidade,
conferindo a esse substrato características adequadas ao cultivo
agrícola.
O pó de coco é um meio de cultivo 100% natural utilizado para
germinação de sementes, propagação de plantas em viveiros e no cultivo
de flores e hortaliças. Como o preço da turfa está cada vez mais elevado
e as extratoras de turfas foram fechadas, o pó da casca de coco verde
surge como uma alternativa que evita a aplicação de substratos que
produzem impactos ambientais negativos (turfas, areia, entre outros).
Assim como a fibra o pó da casca de coco verde também pode ser
utilizado na confecção de artesanato, compondo uma massa moldável que
pode originar uma grande gama de produtos.
As características de absorção de líquidos do pó também possibilita
seu uso em derramamentos de óleo e como cama para animais de estimação e
laboratório.
Por fim, comprimido o pó se transforma em um briquete que substitui a
madeira em fornos de pizzarias, padarias, siderúrgicas e outros.
Mais informações: www.fenacoco.com.br
Fonte: Diário do Nordeste
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