terça-feira, 3 de setembro de 2013

Aproveitamento dos resíduos do coco será discutido em Fortaleza

A casca do coco verde contribui para o esgotamento precoce dos aterros sanitários, mas pode ser aproveitada de diversas maneiras
A casca do coco verde contribui para o esgotamento precoce dos aterros sanitários, mas pode ser aproveitada de diversas maneiras
As cascas do coco verde correspondem a 80% do peso bruto do fruto. No entanto, ao contrário das cascas de coco seco, que são utilizadas tradicionalmente para a produção de pó e fibra, o resíduo do coco verde é descartado. Disposto em aterros e lixões, contribui para a aceleração do esgotamento da capacidade de acumulação por causa do grande volume.
O processo de obtenção do pó e da fibra da casca de coco verde é feito mecanicamente com a utilização de um conjunto de equipamento desenvolvidos em parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agroindústria Tropical com a metalúrgica Fortalmag. Em Fortaleza, esse tipo de aproveitamento e outros estarão em discussão entre os dias 26 e 28 de agosto, na Feira Nacional do Coco (Fenacoco), no Marina Park Hotel.
Ações sustentáveis de reaproveitamento da casca do coco verde; mercado e perspectivas da cultura do coco no cenário nacional e internacional; e irrigação com energias renováveis são alguns dos temas que serão abordados. Feira tratará, ainda, de legislação, formas de cultivo, setor alimentício (humano e animal), automobilístico, fabricação de papel, paisagismo e construção civil.
Esta edição da Fenacoco traz atambém novidades, como concurso gastronômico, feira de artesanato e desfile de moda, todos utilizando como matéria-prima o coco.
Durante a Feira, pesquisadores de instituições como a Embrapa, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Católica do Pernambuco (Unicap) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se reunirão com produtores, empresários, ambientalistas e gestores dos setores público e privado nas discussões dos temas e nas proposições de novas ideias para o setor.
A Fenacoco é realizada pelo Instituto Ecoco, com apoio do governo federal, Banco do Nordeste (BNB), Embrapa, Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece).
Usos diversos
Segundo a Embrapa Agroindústria Tropical, a fibra pode ser usada na confecção de diversos produtos de utilidade para a agricultura, indústria e construção civil, em substituição a outras fibras naturais e sintéticas.
Tecida em forma de manta é um excelente material para ser usado em superfícies sujeitas à erosão provocada pela ação de chuvas ou ventos, como em taludes nas margens de rodovias e ferrovias, em áreas de reflorestamento, em parques urbanos e em qualquer área de declive acentuado ou de ressecamento rápido.
Compósitos reforçados com fibras naturais podem ser uma alternativa viável em relação àqueles que usam fibras sintéticas como as fibras de vidro. As fibras naturais podem conferir propriedades interessantes em materiais poliméricos, como boa rigidez dielétrica, melhor resistência ao impacto e características de isolamento térmico e acústico.
Na indústria de embalagens existem projetos para a utilização da fibra de coco como carga para o PET, podendo gerar materiais plásticos com propriedades adequadas para aplicações práticas e resultando em contribuição para a resolução de problemas ambientais, ou seja, reduzindo o tempo de decomposição do plástico.
A indústria da borracha é receptora também de grande número de projetos envolvendo produtos ecológicos diversos, desde a utilização da fibra do coco maduro e verde na confecção de solados de calçados, até encostos e bancos de carros.
Utilizada há várias décadas como um produto isolante em diversas situações, a fibra de coco tem hoje uma diversidade de aplicações, pelas características que apresenta. Devido às suas excepcionais performances acústicas, a fibra de coco verde e maduro contribui para uma redução substancial dos níveis sonoros, quer de impacto, quer aéreos, sendo a solução ideal para muitos dos problemas na área acústica, superando largamente os resultados obtidos com a utilização de outros materiais.
Ademais, a crise energética mundial das últimas duas décadas tem motivado o desenvolvimento de pesquisas sobre o fibro-cimento ou ou fibro-concreto devido ao fato de a fabricação de cimento exigir menor demanda de energia comparada com a necessária à fabricação do aço ou dos plásticos.
Assim, no Brasil, a utilização da fibra de coco verde na construção civil pode criar possibilidades no avanço da questão habitacional, através da redução do uso e do custo de materiais, envolvendo a definição de matrizes que inter-relacionam aspectos políticos e socioeconômicos.
Além dos usos já citados a fibra da casca de coco verde pode ser utilizada na confecção de vasos, placas e bastões para o cultivo de diversas espécies vegetais. Além de substituírem os produtos tradicionais a base de barro, cimento e plástico, também substituem os subprodutos extraídos do samambaiaçu, espécie vegetal da mata atlântica ameaçada de extinção.
Desta forma a comercialização de vasos, placas e bastões de fibra da casca de coco verde, busca a inserção no nicho de mercado ocupado hoje pelo xaxim que é um produto de exploração cada vez mais restrita pela legislação brasileira.
A confecção de artesanatos variados também representa uma importante forma de aproveitamento da fibra da casca de coco verde, haja vista que o Brasil tem sido cada vez mais um importante destino para os turistas de outros países, grandes consumidores deste tipo de produto.
Os principais Estados potenciais consumidores deste tipo de produto são: São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo.
Assim como a fibra o pó da casca de coco verde também pode ser utilizado na confecção de artesanato, compondo uma massa moldável que pode originar uma grande gama de produtos.
A parte fibrosa do coco maduro, ao ser beneficiada, produz fibras e uma considerável quantidade de pó. Esse material (pó de coco) é amplamente utilizado em diferentes partes do mundo como substrato para plantas.
O substrato obtido a partir dos frutos maduros do coco tem se mostrado como um dos melhores meios de cultivo para a produção de vegetais, principalmente em função de sua estrutura física vantajosa, que proporciona alta porosidade e alto potencial de retenção de umidade, conferindo a esse substrato características adequadas ao cultivo agrícola.
O pó de coco é um meio de cultivo 100% natural utilizado para germinação de sementes, propagação de plantas em viveiros e no cultivo de flores e hortaliças. Como o preço da turfa está cada vez mais elevado e as extratoras de turfas foram fechadas, o pó da casca de coco verde surge como uma alternativa que evita a aplicação de substratos que produzem impactos ambientais negativos (turfas, areia, entre outros).
Assim como a fibra o pó da casca de coco verde também pode ser utilizado na confecção de artesanato, compondo uma massa moldável que pode originar uma grande gama de produtos.
As características de absorção de líquidos do pó também possibilita seu uso em derramamentos de óleo e como cama para animais de estimação e laboratório.
Por fim, comprimido o pó se transforma em um briquete que substitui a madeira em fornos de pizzarias, padarias, siderúrgicas e outros.
Mais informações: www.fenacoco.com.br
Fonte: Diário do Nordeste

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