Nesses dias
tenho lido uns questionamentos de leigos da educação ao questionar o seguinte:
a escola com menos professores e mais alunos em salas, não seria melhor para
garantir uma educação de qualidade (?), e os professores que ficarem ganharem
melhor. Uma ideia absurda nesses tempos de globalização, nem o capitalismo
defendem mais uma ideia dessas, é uma sugestão totalmente fora de contexto
educacional, é seguir na contra mão da educação de qualidade. Hoje a discussão
entre os educadores é diminuir nas salas de aula o nº de alunos, para que o
professor possa acompanhar de perto o desenvolvimento da aprendizagem dos
alunos. O professor hoje na escola é pau pra toda obra, às famílias
“abandonaram” o acompanhamento educacional dos filhos e deram mais essa tarefa
para os professores. Esse “abandono” se dá por n causas, a questão hoje, a
mulher trabalha para ajudar no orçamento de casa, separação de casais atrapalha
os novos atrativos multimídia (TV, internet com suas redes sociais...).
Por que
menos alunos nas salas?
O professor
precisa interagir com os alunos, observar de perto o desenvolvimento dos alunos
e apontar soluções para as dificuldades. Uma sala lotada como o professor pode
fazer esse acompanhamento pedagógico?
As salas de
aulas são pequenas, desconfortáveis, uma sala de aula com 50 alunos torna
inviável para o professor caminhar pela sala, no dia da avaliação como pode
medir os conhecimentos (o correto da avaliação seria diagnosticar os alunos,
uma discussão boa para debater na Semana Pedagógica, qual o tipo ideal de
avaliação?). Os alunos comprimidos uns com os outros, uma lata de sardinha,
melhor de alunos, a não ser que faça as avaliações de dupla? Não seria muito
pedagógico, pois a cultura educacional do Brasil é individual, vestibulares,
ENEM, concursos públicos..., temos que nos adequar a essa realidade.
O pior nas
salas lotadas é a indisciplina, acompanhar um contingente grande de alunos num
espaço pequeno torna inviável a aprendizagem dos alunos. O que torna a sala de
aula “mais cheia” é os acompanhantes indesejados dos alunos, ou seja, a
parafernália digital que levam para a sala.
Interessante
que os leigos da educação não questionam os salários dos políticos, que além de
ganharem muito bem, assalta ainda os cofres públicos. Magistrados que ganham
fortunas e não garantem ao Cidadão uma justiça-cidadã. O que onera os cofres
públicos não são os míseros salários dos professores ganham, mais a corrupção
que solapei o solo brasileiro.
Nos tempos
atuais muitos cursinhos de pré-vestibular tem adotado esse esquema de
auditórios lotados e na mão microfone, nesse caso é diferente, é apenas
transmissão de conhecimentos para o vestibular, o aluno não questiona os
professores não fazem prova, não acompanha de perto, não sabe nem o nome dos
presentes, pois objetivo ali é jogar o maior número de conhecimentos
direcionados para o vestibular, como dizia o mestre Paulo Freire, “educação
bancária”.
Entende de
educação quem vivencia o dia a dia, não é fácil hoje ser professor das escolas
públicas, escolas sem estruturas, sem bibliotecas, sem laboratórios de
informática, sem laboratórios de ciências, baixos salários, salas numerosas,
excesso de atividades nas costas do professor, políticos descompromissados com
a educação e pais que deixaram órfãos seus filhos para a escola tomar conta, e
ainda temos que conviver com o fantasma das drogas que assusta os professores,
é a realidade da educação no Brasil.
Autor: Professor Wellington Pinto
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