sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ceará terá R$ 1,4 bi de crédito para desenvolver o semiárido

Linhas de crédito oferecidas pelo BB e BNB vêm aumentando a cada ano com aporte recorde em 2013
Fortaleza.
 Um crédito de, pelo menos, R$ 1,4 bilhão está sendo ofertado para investimento no semiárido em 2013 pelos bancos do Brasil e do Nordeste. O aporte recorde privilegia a agricultura familiar, especialmente o pequeno produtor de baixa renda.


Agricultura familiar é a tônica dos investimentos dos bancos públicos FOTO: A. C. ALVES

O maior volume de recursos é prometido pelo BNB, com R$ 1,2 bilhão, com diversas linhas de crédito, mas com destaque para o Pronaf semiárido e o Pronaf B, destinado para agricultores de baixa renda. Neste ano, até outubro, houve linhas de crédito no valor de R$ 1,1 bilhão e um total de R$ 1 bilhão em 2011.

Já o Banco do Brasil tem planejado R$ 200 milhões para o Ceará. No período de janeiro a outubro de 2011 o BB investiu R$ 87,8 milhões no agronegócio cearense. No mesmo período de 2012, o BB investiu R$ 98 milhões, o que representa um crescimento de 11,6% de crédito.

O gerente executivo da Célula de Desenvolvimento Territorial do BNB, José Wellington Tomaz, disse que as linhas de crédito são simples e cada vez mais desburocratizadas.

No caso das linhas do Pronaf, os interessados devem se dirigir a qualquer unidade bancária onde há um assessor para orientar sobre o encaminhamento de documentos para agilizar a aprovação do crédito necessário, através de uma assessoria em cada agência.

"Evidentemente que há ainda um rigor muito grande na liberação de recursos, uma vez que somos um banco público e temos que nos submeter às regras estabelecidas pelos órgãos reguladores. No entanto, cada vez mais há um esforço de se diminuir as exigências", disse José Wellington.

Disponibilidade
O Banco do Nordeste disponibiliza como principais ofertas de crédito para o semiárido, além do Pronaf, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria do Nordeste (FNE-Agrin), Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Aquicultura e Pesca (FNE-Aquipesca), Programa de Financiamento a Sustentabilidade Ambiental (FNE-Verde), Programa de Financiamento para o Setor Comercial (FNE-Comércio)e o Programa FNE Empreendedor Individual (FNE-EI). O BNB prioriza a contratação de projetos no semiárido, destinando, no mínimo, 50% dos recursos do FNE para aplicação nesta região.

O BNB prioriza o apoio aos mini, micro e pequenos empreendedores, destinando 51% dos recursos do FNE para este público. Além disso, tem atenção especial para a contratação de projetos de maior efeito gerador na promoção de renda e de emprego para a região Nordeste.

Já o BB possui 54 linhas de créditos diferentes para o Agronegócio, das quais 17 são direcionadas para beneficiários do Pronaf e 37 para demais produtores. Uma é exclusiva para Pronaf-semiárido.

Juros
Quando é para uma atenção exclusiva à região, o BB oferece investimentos em projetos de convivência com o semiárido, focado na sustentabilidade dos agroecossistemas, destinados à implantação, ampliação, recuperação ou modernização da infraestrutura produtiva. Os juros são baixos: até R$ 18 mil, fica em 1% a.a.

O gerente de agronegócios do Banco do Brasil no Ceará, Paulo Sucupira, destaca que o crédito vêm aumentando a cada ano, independente das secas, da precariedade na assistência técnica e, especialmente, da inadimplência.

O Banco do Brasil tem concentrado bastante esforço à agricultura familiar. Atualmente está em negociação uma parceria com a Ematerce, no sentido de fortalecer a produção familiar no Ceará, priorizando investimentos em projetos de convivência com a região do semiárido.

Negociação
No Estado, registra-se hoje um percentual de 10% de inadimplentes, maior do que a média brasileira de 2%, mas há negociações especiais com prazo de até 10 anos e carência de mais três para o pagamento da dívida. Muitos casos de inadim-plência são decorrentes da falta de assistência técnica, conforme diz Paulo Sucupira.

Segundo o gerente, o banco disponibiliza crédito para o pequeno, médio e grande produtor. Com dívidas ou não, sugere que os interessados devem procurar as agências em cada municípios, onde o atendimento encaminhará os pleitos.

MARCUS PEIXOTOREPÓRTER

BNB de Iguatu financiou 600 produtores rurais até este mês
De janeiro a novembro, o BNB disponibilizou R$ 6 milhões de crédito FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Iguatu. A demanda por crédito rural no semiárido e para os setores de comércio e serviço tem crescido a cada ano nas cidades do Interior do Ceará. O gerente da agência local do BNB, José Sudário, disse que a demanda obteve um crescimento elevado em decorrência da abertura de linhas de financiamento para a seca. "Esses recursos são fundamentais", frisou. "Asseguram a aquisição de ração para alimentar os animais e viabilizam obras de infraestrutura para a melhoria das propriedades rurais", observou.

Nos últimos dias, houve um esforço da agência do BNB para análise e liberação de propostas de empréstimos tanto para os financiamentos do Pronaf Seca, quanto para o tradicional da linha B que atende a agricultura familiar e, por isso, apresenta maior demanda. A agência do BNB atende a 11 municípios do Centro-Sul.

Até ontem, foram liberados R$ 6 milhões de crédito e atendidos cerca de 600 produtores rurais por meio de financiamento do Pronaf Seca na agência regional do BNB. "Até dezembro, vamos zerar a demanda existente na agência e que aguarda análise", disse Sudário. "Os projetistas particulares e os escritórios da Ematerce devem encaminhar todos os projetos até o fim deste mês, pois esse foi um prazo que acertamos em reunião recente".

Há dois programas de financiamento para a linha especial de seca, com tetos diferenciados. Um atende até R$ 12 mil, sendo 35% para custeio e 65% para investimento. O prazo de pagamento é de dez anos, com três anos de carência. A taxa de juros é de 1% ao ano e há um desconto de 40% para o pagamento em dia.

A outra linha de financiamento para a estiagem tem teto bem mais elevado, no valor de R$ 100 mil. As taxas de juros são mais altas, 3,5% ao ano, mas com igual prazo de pagamento e de carência. Os dois programas de crédito destinam recursos para custeio e investimentos.

José Sudário analisa que a maioria dos financiamentos destina-se a investimento. "Em decorrência da seca, acreditávamos inicialmente que os recursos seriam aplicados em custeio, compra de alimentação para salvar o rebanho", observou. "O produtor, entretanto, sabe da suas necessidades e quer melhorar a infraestrutura das áreas produtivas", disse.

HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER 
Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário