quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Artigo: Quando dizer NÃO é o maior desafio

Por Claudimar Silva - Editor

Existem muito mais coisas embutidas na simbologia do "novo" que nossa calorosa interpretação pode alcançar. Recordo o povo à sombra artificialmente providenciada, complementada pelo frescor natural de árvores espinhentas plantadas há anos, se amontoarem frente ao palco da “esperança e da reconstrução” – mote da administração nova que assumiu o compromisso público de cuidar do povo de Icapuí. Nem o calor nem a fome intimidaram os que ali estavam, com propósitos distintos, com pensamentos comuns. Uma nova gestão tomava as rédeas de nossa cidade após uma eleição realizada às pressas e em circunstâncias inimagináveis até então. 

Na ocasião, grandes personalidades políticas de nossa região proferiram discursos enfáticos e emocionados sobre a necessidade pungente de reconstrução de nossa cidade (discurso esse que vem se repetindo em todos os momentos de reflexão sobre o município). Talvez, essa reconstrução seja mais emocional do que física propriamente dita. A ideia é transmitir à população os sentimentos de confiança e participação efetiva nos novos rumos que surgem no horizonte baldeado pelas incertezas do futuro e pelos desacertos do passado. É uma forma de elevar a autoestima de muitos icapuienses descrentes no palavreado bonito que há tempos cansam nossos ouvidos, para não dizer nossas inteligências. 

O atual “novo governo” tem a difícil missão de conciliar questões políticas e administrativas no curto período que nos separa da próxima eleição. Tem que ter habilidade, maturidade e discernimento suficientes para tomar as decisões corretas, que nem todos aceitarão ou compreenderão - cada eleitor tem suas demandas pessoais e coletivas que exigem serem atendidas. Parte da população adquiriu ao longo da história política de Icapuí o hábito de recorrer à prefeitura a solução de seus problemas imediatos e particulares. Diante disso, dizer “não” parece ser o maior desafio do gestor atual. 

Cabe a nós icapuienses permitir e exigir que tais discursos cumpram sua função: conscientizar sobre a importância de cuidar primeiro de nossa cidade, de pensar no coletivo, na construção (ou reconstrução) daquilo tudo que sonhamos um dia. Não podemos permitir que tantas palavras bonitas se percam na imensidão das promessas comumente não cumpridas, que a superação de tantos percalços seja em vão. É preciso acreditar e cobrar de aqueles que nos prometeram mais essa “mudança”. Se não, corremos o risco de perpetuar o ciclo da troca de governo sob a sombra da estagnação.


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