terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Em Cuba, Dilma diz que violações de direitos humanos ocorrem em todos os países

Presidente condenou “uso ideológico” do tema para criticar apenas algumas nações
dilma-raúl-castro-tl-20120131Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma faz hoje sua primeira visita oficial a Cuba como governante. Ela foi recebida em Havana pelo presidente Raúl 

A presidente Dilma Rousseff disse em entrevista coletiva em Cuba, nesta terça-feira (31), que não se pode tratar de direitos humanos como ferramenta ideológica para criticar apenas certos países.


Veja fotos das viagens de Dilma
 



Dilma afirmou que desrespeitos aos direitos humanos ocorrem em todas as nações e citou como exemplo os denunciados na base americana de Guantánamo.

- Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós, no Brasil, temos o nosso. Então, eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral. Não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro. Ela serve para nós também.

A visita da presidente ocorre 11 dias após a morte do opositor cubano Wilman Villar, que morreu em meio a uma greve de fome pela qual protestava por ter sido condenado a quatro anos de prisão.

O governo cubano, porém, diz que Villar estava preso por ter espancado sua mulher e que ele recebeu tratamento médico adequado na prisão.

Questionada sobre a intenção da blogueira cubana Yoani Sánchez de visitar o Brasil, Dilma afirmou que o país já lhe concedeu o visto e que agora cabe à blogueira obter a permissão de Cuba para viajar.

Yoani Sánchez é uma das mais proeminentes críticas do governo cubano e quer vir ao Brasil para o lançamento de um documentário do qual participou.

Laços comerciais

A presidente disse ainda que sua visita tem como principal objetivo impulsionar as relações econômicas e a cooperação entre Brasil e Cuba.

Em 2011, segundo o Ministério do Desenvolvimento, o intercâmbio comercial entre os dois países atingiu o valor recorde de R$ 1,1 bilhão (US$ 642 milhões), crescimento de 31% em relação a 2010. O saldo é amplamente favorável ao Brasil, que tem superávit de R$ 801 milhões (US$ 458 milhões).

Dilma mencionou incentivos brasileiros à compra e produção de alimentos no país caribenho e o financiamento de cerca de R$ 1,2 bilhão (US$ 700 milhões) concedido pelo BNDES (Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social) para a reforma do porto de Mariel, nos arredores de Havana.

A visita ocorre uma semana após a liberação da última parcela do empréstimo à obra, executada pela empresa brasileira Odebrecht e prevista para terminar em 2014.

O empreendimento inclui uma “zona especial de desenvolvimento” de 400 quilômetros quadrados, que abrigará indústrias voltadas à exportação.

Segundo diplomatas brasileiros, além de ajudar Cuba em sua missão de “atualizar” o socialismo e diversificar suas fontes de receitas, a ampliação do porto abrirá oportunidades de negócios para empresas brasileiras interessadas em se instalar ou expandir as operações na América Central.

A visita ao porto encerra a agenda oficial de Dilma em Cuba. Na manhã desta quarta-feira (1º), ela embarca para o Haiti.
BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Fonte: Portal R 7

Nenhum comentário:

Postar um comentário