sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Câncer mata 6.500 cearenses em um ano

Domingo, dia 27, é o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Além de números, histórias de perdas, vitórias e mudanças compõem a história desta doença que ainda assusta a humanidade

SARA OLIVEIRA
saraoliveira@oestadoce.com.br

Há 14 anos, a professora Francinete de Oliveira Fernandes descobriu ter uma neoplasia de pulmão. Hoje, curada, reza para os que recebem o diagnóstico de câncer. A esperança de cura existe, mas os números de mortes ainda assustam. Em 2009, no Ceará, 6.571 pessoas não sobreviveram a algum tumor maligno, 747 tinham a mesma doença da professora, a que mais matou homens e mulheres. Nos últimos quatro anos, o câncer foi a segunda causa de óbitos no Estado.

As estatísticas, que retratam a realidade desta doença, têm o caráter de alerta, ao mesmo passo que exibem novas formas de tratamento e possibilidades de cura. Chamar atenção, ainda, para a deficiência quanto ao diagnóstico precoce que, em muitos casos, é simples e barato, mas acaba por não acontecer. Domingo (27), no Dia Mundial de Combate ao Câncer, além de números, histórias de perdas, vitórias e mudanças estarão em destaque. 

De acordo com informações da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), as neoplasias com óbito são mais recorrentes em idosos, porém, em 2009, cerca de 28% das mortes femininas e 36,5% das masculinas aconteceram antes dos 60 anos de idade. As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) do Rio de Janeiro são de que, para os próximos dois anos, surjam 520 mil novos casos da doença no Brasil.

Entre as mulheres cearenses, foram 3.101 mortes por câncer: 428 de mama, 331 de pulmão, 235 de estômago e 255 de colo de útero. Foram 3.382 óbitos masculinos: 552 de próstata, 431 de estômago e 416 de pulmão. Hábitos rotineiros e fatores genéticos são os responsáveis por estes números, assim como, também, podem mudar as perspectivas negativas para o futuro.
REALIDADE
O Instituto do Câncer do Ceará (ICC) atende cerca de 20 mil pessoas por mês. Hoje, o local oferece os mais modernos tratamentos contra a doença e é referência nacional. O diretor clínico do Instituto, Reginaldo Ferreira, explicou que os principais tipos de tumores não têm mudado nas últimas décadas. “A incidência de câncer de pulmão aumentou, mas os casos de tireoide ainda são destaque entre as mulheres”, afirmou.

O especialista citou que, em 2020, a perspectiva é que o mundo tenha 15 milhões de novos casos de neoplasias, com 12 milhões de mortes. Pessimismo? Não, sinal de que cuidados devem ser tomados. Para alguns tipos de tumores, resposta tardia no tratamento e a própria condição de uma população mais idosa, propensa à doença, ainda torna inevitável a incidência de casos e mortes. Porém, outros fatores, como o fim do cigarro, a diminuição da exposição a determinados agentes químicos e, principalmente, o diagnóstico no período inicial da doença, poderão ser decisivos para diminuir os números.

“Quando fala-se sobre câncer, muita gente não acredita em cura. Eu acredito”, acrescentou o diretor do ICC. A afirmação é baseada em novos conceitos de tratamento. Pesquisas têm evoluído na composição de medicamentos e as terapias tomam forma específica para cada paciente, reforçadas pelo fato de que cada tumor tem um comportamento diferente. “Os estudos têm possibilitado que as terapias sejam mais personificadas, o que muda a impressão sobre a doença”, destacou Reginaldo.
CIGARRO AMEAÇA
TRATAMENTO

Um dos processos deste tratamento é a quimioterapia, temida pelos efeitos colaterais agressivos, como vômitos, indisposição e queda de cabelo. Mas isso também tem mudado. “Tem paciente que trata-se apenas com comprimidos. Tem, inclusive, novas drogas para tratar câncer no rim”, exemplificou Reginaldo.

Apesar dos avanços científicos, ações ainda podem dificultar a luta contra o câncer. O cigarro, neste contexto, torna-se um vilão a ser combatido. Francinete, a sobrevivente de um tumor no pulmão, desenvolveu a doença após fumar por 30 anos. O diretor do ICC alertou que “o cigarro, além de implicar em uma maior incidência da doença, afeta o resultado da quimioterapia e radioterapia [outro tratamento contra a doença]”. 

Esses dois recursos para a cura da doença precisam ser bem aplicados, de acordo com o tipo de tumor e estágio da doença, que pode variar em até quatro níveis. Fumar pode atrapalhar os objetivos do tratamento. “Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia funcionam melhor no tecido bem oxigenado. Com o cigarro, com certeza sua eficácia será menos”, detalhou o diretor clínico do ICC.
- Em 1999, foram 3.612 óbitos
- Em 2009, 6.571 pessoas morreram
- 28% das mulheres tinham menos de 60 anos
- 36,5% dos homens tinham menos de 60 anos
- Entre homens e mulheres, foram 747 óbitos por câncer de pulmão, 666 de estômago

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