quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Chefes de Associações eram funcionários da AL

Personagens citados no escândalo dos banheiros constavam na folha da Casa até a última segunda-feira, quando foram exonerados pelo presidente Roberto Cláudio. Eles tinham relação familiar ou 
profissional com o ex-presidente do TCE  


Dos exonerados da Assembleia Legislativa, dois são parentes de Teodorico e um era funcionário de seu gabinete no TCE (DEIVYSON TEIXEIRA)
Dos exonerados da Assembleia Legislativa, dois são parentes
de Teodorico e um era funcionário de seu gabinete no TCE
 (DEIVYSON TEIXEIRA)  

Os efeitos do escândalo dos banheiros chegaram à Assembleia Legislativa do Ceará. O presidente da Casa, deputado estadual Roberto Cláudio (PSB), confirmou ao O POVO que exonerou três funcionários citados nas denúncias. Eles foram identificados como presidentes de associações que receberam dinheiro do Governo para construir banheiros e, até a última segunda-feira, ocupavam cargo em diretorias da Assembleia. Dois dos demitidos são parentes e um era funcionário do presidente afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Teodorico Menezes.

Entre os que constavam na folha do Legislativo estava Antônio Carlos Gomes, uma das peças de maior relevância no quebra-cabeça do escândalo. Presidente da Associação Cultural dos Amigos de Horizonte, que recebeu R$ 400 mil da Secretaria das Cidades, ele admitiu que somente pequena parte dos kits sanitários foi construída no município.

Gomes também é acusado de “gerenciar” os recursos destinados a outras entidades – como a de Pacajus, presidida por Thiago Barreto Menezes, filho de Teodorico. Em depoimento à Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap), Thiago reconheceu que os banheiros não foram erguidos, mas pôs a culpa em Antônio Carlos Gomes, considerado, até então, “homem de confiança” da família.

De acordo com dados repassados ao O POVO pela Assembleia, Thiago prestava serviços à Casa desde 2004 e, até ser exonerado, era membro da Divisão de Controle de Pessoal. Já Gomes ingressou em 2001, estando lotado na Diretoria Geral. Além de receber salário do Legislativo, ele ainda estava empregado no antigo gabinete de Teodorico, no TCE, de onde também foi demitido, em julho deste ano.

Outro integrante da árvore genealógica dos Menezes na Assembleia era Antonísia Barreto, esposa do ex-presidente do Tribunal de Contas. Ela presidiu a Sociedade de Proteção e Assistência à Maternidade e Infância de Pacajus antes de o filho Thiago assumir o posto. No Legislativo, Antonísia ocupava cargo na Divisão de Controle de Pessoal.

Embora não tenha o nome mencionado no escândalo dos banheiros, uma filha de Teodorico, Lya Barreto, também entrou no rol de exonerações. Ela aparecia como funcionária da Diretoria Administrativa Financeira.

Procap investiga
A presença de quatro familiares do ex-presidente do TCE na Assembleia levou à Procap a dar início a uma investigação sobre possível existência de nepotismo cruzado. A irregularidade ocorre quando um agente público emprega o familiar de outro, em troca de favores. A Procap argumentou que não pode adiantar detalhes sobre a investigação.

O atual presidente da Assembleia, Roberto Cláudio, afirmou que não tinha conhecimento da situação e que tomou medidas a partir de questionamentos apresentados pelo O POVO.

Desde 14 de julho, a reportagem tenta contatar Teodorico Menezes, que tem preferido se manter em silêncio. Na tarde de ontem, O POVO chegou a ligar para o telefone celular de um dos filhos de Teodorico, deputado estadual Téo Menezes (PSDB), mas as chamadas não foram atendidas.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

O escândalo dos banheiros foi denunciado pelo O POVO em 14 de julho, começando pela ausência de kits sanitários em Pindoretama. Hoje, mais de 50 convênios semelhantes são investigados. O repasse de verba ultrapassa R$ 8 milhões.

SAIBA MAIS

A assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa disse que a Casa vinha realizando, desde junho, uma atualização de dados cadastrais, com o objetivo de detectar possíveis acumulações ilícitas de cargos. Conforme explicou a assessoria, caso seja encontrada irregularidade até 15 de agosto, será “bloqueado o pagamento de salário e instaurado o inquérito administrativo”.

QUEM É QUEM

Exonerados da AL

Antônio Carlos Gomes: presidente da Associação Cultural dos Amigos de Horizonte. Recebeu R$ 400 mil da Secretaria das Cidades para construir banheiros no município, mas não concluiu o trabalho. Era funcionário do Gabinete de Teodorico Menezes no TCE. Prestamista de Serviços da Assembleia desde Janeiro de 2001. Até a última segunda-feira, estava lotado na Diretoria Geral da Casa;

Thiago Barreto Menezes: filho de Teodorico Menezes e presidente da Sociedade de Proteção e Assistência à Maternidade e Infância de Pacajus Prestamista de Serviços da Assembleia desde fevereiro de 2004. Até o início desta semana, ocupava cargo na Divisão de Controle de Pessoal para Lotação;

Antonisia Barreto Menezes: esposa de Teodorico e ex-presidente da Sociedade de Proteção e Assistência à Maternidade e Infância de Pacajus. Prestamista de Serviços da Assembleia desde abril de 1997. Até a última segunda-feira, era da Divisão de Controle de Pessoal para Lotação;

Lya Barreto Menezes: filha de Teodorico, não teve o nome envolvido no escândalo dos banheiros. Prestamista de Serviços da Assembleia desde Junho de 1997, lotada até o início da semana na Diretoria Adjunta Administrativa Financeira.

Hébely Rebouças
hebely@opovo.com.br
Fonte:http://www.opovo.com.br

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