Consulta realizada ontem recusou a formação de dois novos estados. Com 75% dos votos apurados, 69% se declararam contra a criação de Carajás e 68,5% contra Tapajós. A capital Belém concentrou a opção "não"
O "não" à divisão do Pará foi a opção vitoriosa no plebiscito realizado ontem, no qual os eleitores foram consultados sobre a formação de dois novos estados. Com 75% dos votos apurados, 69% se declararam contra a criação de Carajás e 68,5% contra Tapajós.
Apesar da vitória por larga margem da frente que defende a manutenção do atual território, o fato é que o Pará votou dividido. A proposta de divisão foi abraçada pelos eleitores das regiões que poderiam se separar. Em Santarém, principal cidade da região oeste, a criação de Tapajós recebia 98% dos votos no início da noite. Em Marabá, a frente pró-Carajás colhia quase 94% dos votos.
Mas as cidades concentram apenas 35% do eleitorado - ou seja, na prática, a consulta foi decidida pelos 65% que estão em Belém ou áreas próximas e que, durante a campanha, demonstraram contrariedade com a perda de território e recursos naturais resultante de uma eventual divisão. Na capital, o “não” conquistou 95% do eleitorado.
Para complicar ainda mais a situação dos separatistas, as principais cidades do interior apresentavam taxas de abstenção superiores as de Belém.
Na tentativa de contornar o problema da escassez de eleitores, os separatistas recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo que o plebiscito ocorresse apenas em Tapajós e Carajás. No final de agosto, porém, o tribunal decidiu que todo o estado deveria ser consultado.
Para os defensores do “sim”, foi uma derrota judicial e também política. Segundo o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), coordenador da campanha do “não”, a tentativa de alijar Belém e cidades próximas praticamente unificou esse eleitorado contra a proposta separatista. “Quiseram fazer tudo na surdina, nós nos sentimos traídos”, afirmou Coutinho.
Campanha
Com o início do horário de propaganda na televisão, há um mês, as frentes pró-Tapajós e pró-Carajás fizeram programas voltados à conquista do eleitorado da capital, mas a resistência ao discurso separatista só aumentou.Do lado oposto, não foi difícil para os defensores da manutenção do atual território difundir as teses de que a divisão deixaria o Pará mais fraco, pois o Estado perderia o controle dos recursos naturais.
Em Belém, os eleitores encontraram poucas filas e votaram com rapidez, já que só era necessário digitar dois números - uma resposta sobre a eventual criação de Tapajós e outra sobre Carajás. Muitos votaram vestindo a camisa vermelha com o desenho da bandeira do Pará - item cuja venda explodiu a partir do início da campanha do plebiscito.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Apesar do esforço das frentes separatistas, os eleitores do Pará votaram contra a divisão do estado em três. As regiões que poderiam se separar abraçaram a proposta, mas Belém e arredores foram contra, e o eleitorado está concentrado na capital.
Saiba mais
TSE comemora eleição tranquila
Segundo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandovski, que viajou para Belém a fim de acompanhar a apuração, a votação ocorreu sem incidentes em todo o estado. O ministro disse que foi preciso substituir algumas urnas eletrônicas defeituosas em determinadas seções, mas afirmou que em nenhuma houve necessidade de colher os votos em cédula de papel.
De olho nas áreas mais problemáticas
Ricardo Lewandowski acompanhou de perto o plebiscito na capital paraense Esteve no colégio Paes de Carvalho, escola tradicional do ensino público paraense, que se localiza em frente ao prédio local do TRE e que abriga 14 seções eleitorais, reunindo quase 5 mil eleitores. Ele se disse satisfeito com a tranquilidade do plebiscito e, do próprio TRE, monitorou as eleições nas outras regiões, especialmente no sul, sudeste e oeste.Fonte: O POVO ONLINE
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