sexta-feira, 24 de agosto de 2012

93% dos municípios cearenses estão em situação de emergência

Atualmente, 93 cidades estão sendo atendidas pela Operação Carro Pipa. População teme a escassez de águaCrateús Dos 184 Municípios do Estado, 171 estão em situação grave, de emergência devido à estiagem. A informação é da Defesa Civil do Estado, que assegura, atualmente, a 93 Municípios a Operação Pipa, que funciona normalmente no Estado. Na próxima semana, mais 60 cidades passarão a ser atendidas pela Operação, de forma gradativa, priorizando as cidades com maior carência de água, segundo o órgão.


População do sertão sofre com a falta de água. Operação Pipa ameniza o problema FOTO: CID BARBOSA

Apenas 18 não solicitaram a implantação da Operação Pipa. Assim, 93% do território cearense está sofrendo os efeitos da maior seca dos últimos 30 anos. Falta água para o consumo humano e animal. E as perspectivas são as piores possíveis, já que os reservatórios também estão abaixo da capacidade e há, ainda, vários meses para a chegada do inverno.

Outra novidade, de acordo com o coronel Hélcio Queirós, coordenador da Defesa Civil do Estado, é a implantação de serviço de rastreamento nos veículos. "Todos os veículos terão GPS instalado a fim de termos o controle sobre o transporte, deslocamento e qualidade da água", afirma.

Em Crateús, a operação carro-pipa continua sendo a forma de obtenção de água para muitas comunidades no Interior. São 180 localidades abastecidas pelos 15 pipeiros com 1.312 carradas/mês. Conforme a Defesa Civil local, a tendência é que a situação se agrave, considerando que os cacimbões e poços na zona rural estão secando.

Em algumas regiões, não há mais água de forma alguma, e a população pede socorro ao órgão. A água que recebem da Operação deve ser utilizada apenas para beber e cozinhar, mas, segundo ele, há locais em que as pessoas se obrigam a utilizar para outros fins, devido à escassez.

"Diariamente, chegam pessoas aqui lamentando a falta total de água. Não sabemos como faremos até o fim do ano, porque a situação é grave. A água fornecida pela operação acaba sendo desviada para outras atividades, que não beber e cozinhar, devido à necessidade", explica o coordenador da Defesa Civil, Teobaldo Marques.

Em todas as regiões, a escassez é verificada, mas, no chamado sertão, especificamente no Distrito de Santo Antônio e em algumas localidades do Distrito de Realejo, a ausência de água é maior, conforme o órgão.

Outro problema apontado pela Defesa Civil diz respeito à falta de reservatórios para armazenar a água. "Muitas localidades não estão sendo atendidas pela Operação Pipa porque as pessoas não têm como armazenar a água. Não possuem cisternas, nem caixas de água e, então, acabam ficando sem água", relata.

Até algumas escolas do Município sofrem com a falta de água e a Defesa Civil, segundo o coordenador, está com um veículo destinado para atender as escolas. Semanalmente, os colégios situados em regiões mais secas se socorrem do órgão para serem abastecidas.

Reservatórios
Está ocorrendo escassez de água em todo o Estado. Segundo a Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado (Cogerh), é devido à situação do baixo nível nos reservatórios supervisionados pelo Governo do Estado. "Dos 139 reservatórios monitorados pela Companhia, apenas dois apresentam volume acima de 90%, são eles: Gavião (94%), no Município de Pacatuba, e Muquém (92%), em Cariús", diz o órgão em nota.

Crateús é apontado como a região com a situação mais grave, com menos de 50% de acúmulo de água na bacia hidrográfica, com apenas 29% da sua capacidade total. O Açude Carnaubal, que abastece a cidade, está com 23,4% da sua capacidade, número que preocupa o órgão. Outras duas bacias apresentam volume abaixo de 50%: do Baixo Jaguaribe (41%) e do Curu (35,7%).

Para a Cagece, a situação é crítica no Município. A inexistência de inverno, neste ano e a evaporação muito forte na região, são fatores determinantes na situação de escassez de água.

"O nível do reservatório nos preocupa muito porque temos meses pela frente, e a evaporação é muito alta aqui na região. Acredito que teremos água até fevereiro, mas a população tem que colaborar economizando o líquido em suas atividades, pois a situação é grave", ressalta o gerente da Unidade de Negócios da Cagece da região dos Sertões de Crateús, Hamilton Claudino Sales. Mesmo com a grave estiagem, o órgão assegura que a segurança hídrica está garantida.

"Apesar do grave período de estiagem que atinge o Estado do Ceará, considerado pelos meteorologistas como um dos mais graves dos últimos 50 anos, atualmente, o volume acumulado nos reservatórios cearenses é de dez bilhões de metros cúbicos de água, o que representa 60% da capacidade total do Estado", diz em nota.

Economia
Técnicos da Gerência de Interação Social e Educação Ambiental (Geins) estão em Crateús levando informações contra o desperdício de água, lembrando o período de pouca chuva em 2012 e a necessidade de economizar água.

Mais Informações:
Defesa Civil do Ceará
Rua Oto de Alencar, 215 Centro
(85) 3101.4571 / Defesa Civil de Crateús, (88) 3691.2127
Cogerh: (85)3218.702

Moradores denunciam água imprópria
Quiterianópolis A população deste Município enfrenta situação complicada com relação à água. Sem inverno, a escassez é o maior problema. As chuvas deste ano foram poucas e não abasteceu o Açude Colina, reservatório que abastece a cidade. A consequência é a falta de água, ocasionando a distribuição de uma água turva, impura, fétida e imprópria para consumo. O Diário do Nordeste já trouxe à tona o problema desde 2011.

Açude Colina, em Quiterianópolis, está com a água comprometida. A população conta que o líquido chega às torneiras com péssima qualidade FOTO: KID JÚNIOR


Desde maio deste ano, a realidade é essa na cidade: a água que chega às torneiras das residências é de péssima qualidade. A maioria das pessoas utiliza a água encanada apenas para lavar roupas e outros afazeres, que não sejam beber e cozinhar os alimentos. Alguns - que possuem uma condição financeira mais elevada - compram água mineral para beber, outros compram água que vem do Município de Poranga e os demais -sem alternativa - utilizam a água distribuída pela Cagece.

Enquanto a solução não chega, as pessoas que não têm cisterna, nem podem adquirir diariamente água mineral e não tem coragem para utilizar a água tratada pela Cagece, se socorrem em poços profundos e cisternas. Filas de pessoas com barris, baldes e tambores se acumulam nos poços profundos na cidade e até na zona rural. Poços na zona rural são alternativas utilizadas por populares, onde pegam água várias vezes ao dia.

"Passado o período do inverno já era previsível que não teria água. Desde maio, a situação é complicada para a população e estranho não ter ocorrido um fato, ao longo desses meses, para solucionar essa realidade", lamenta o administrador de empresas, Wilson Cláudio, que esteve na cidade recentemente e se indignou com a situação da água distribuída pela Cagece.

Cláudio conta que tem familiares em Quiterianópolis e eles lamentavam a situação precária da água, mas ele não imaginava que fosse tão calamitosa. Quando esteve lá, foi lavar o rosto e se espantou com a cor e o mau cheiro da água ao abrir a torneira. Viu que o caso é grave. Colheu uma amostra do líquido. Diz que, caso a situação não seja resolvida em um mês, vai fazer exame para verificar a qualidade da água em laboratório.

Sem solução"Estranha-me o fato da Cagece se propor a distribuir uma água nessas condições e também a falta de solução por parte das autoridades. Não digo que nada esteja sendo feito, mas não vejo mudança na realidade", ressalta.

"O problema é que não temos água. A água se exauriu. Estamos tratando a água, mas não recomendamos para consumo (beber, cozinhar). As cobranças estão sendo feitas com base no consumo real, de maneira diferenciada", revela o gerente de Unidade de Negócios da Cagece da Região dos Sertões de Crateús, engenheiro civil Hamilton Claudino Sales. O Açude Colina, de acordo com ele, está com apenas 13% da sua capacidade, que é de três milhões e 250 mil m³.

"A única opção viável no momento é buscar água nos carros-pipas em Novo Oriente, no Açude Flor do Campo, a 48 quilômetros de distância. Isso estamos fazendo, mas nos preocupa porque a escassez de água é geral na região", explica Hamilton.

Ele esclarece que os mananciais de superfície perdem muita água por evaporação, e ainda existem problemas causados pela poluição. "A evaporação ocasionada pela falta de chuva causa a escassez da água muito mais do que o consumo propriamente dito. Juntando isso aos esgotos que são jogados no reservatório, então, a situação se agrava ainda mais", finaliza.

Mais Informações:
Cagece Crateús
Endereço: Rua Antônio Francisco de Macedo, 170
Bairro: Ipaze
Telefone: (88) 3691.7882

SILVANIA CLAUDINOREPÓRTER 
Fonte: Diário do Nordeste

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