domingo, 6 de novembro de 2011

Emprego e Renda teve o maior avanço do NE

Manso: o grande problema do Ceará é
que o crescimento não é sustentável
JULIANA VAQUEZ
Das três vertentes igualmente importantes - para o cálculo do IFDM, o Ceará registrou o maior crescimento do Nordeste (10,5%), no quesito Emprego e Renda (E&R), na comparação do biênio 2008/09. O desempenho também foi o 3º mais elevado do Brasil, atrás de Rondônia e Roraima, com 23% de avanço cada. Apenas 11 unidades federativas apresentaram evolução. Todavia, apesar do significativo avanço nesta área em específico, é nessa base do tripé o maior desafio do Estado para tentar melhorar o IFDM.

Na década, o Ceará conseguiu evolução de 30%, e saiu do nível regular (0,4940) para moderado (0,6430) de desenvolvimento de seus municípios. Isso ajudou o Estado a sair da 10ª posição, dez anos atrás, para o nono mais alto E&R dentre todas as unidades federativas.

É preciso mais

Porém, na realidade, tal performance ainda não foi suficiente para ajudar as cidades cearenses a mudarem de status de classificação, segundo a Firjan. Em 2000, havia 150 municípios locais considerados de Baixo desenvolvimento no índice do E&R. Em 2009, a melhora foi ínfima nesse quesito, 148 cidades cearenses permaneceram na mesma situação, ou melhor, somente duas avançaram no critério Emprego e Renda, no Estado. Diferentemente do que ocorreu com o IFDM, na década estudada, os municípios praticamente ficaram estabilizados em suas posições no que diz respeito ao E&R. No parâmetro Regular, houve um recuo de 30 para 25 cidades, entre 2000 e 2009; no moderado, passaram de quatro para dez municípios; e apenas Fortaleza deixou a plataforma moderado para alto desempenho em Emprego e Renda, saindo de 0,6864 para 0,8917.

Análise

Para o economista e professor, Carlos Manso, um dos pesquisadores responsáveis pela elaboração dos estudos provenientes do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), ligado ao Programa de Pós-Graduação da UFC (Caen), houve um impacto mais forte da crise internacional em estados mais dependentes das exportações e da produtividade de seus parques industriais. "O Ceará vem crescendo na área de Emprego e Renda, porém, como a economia daqui é mais apoiada nos serviços, no que gira o consumo interno, seu desempenho foi superior ao de outros estados mais industrializados, setor que mais sofreu com a turbulência", analisa.

O professor concorda que, realmente, ocorreu aumento no número de empregos formais, todavia, acredita, também, que esse avanço foi sobre uma base muito baixa. "A renda média subiu. Já foi muito pior. Porém, o grande problema do Ceará é que o crescimento não é sustentável, ou seja, não chega às camadas mais baixas de distribuição. A redução da desigualdade não acompanha o mesmo ritmo da evolução da renda", afirma.

Solução definitiva

Ele ressalta que, a solução definitiva para esse entrave perpassa pela educação. Não apenas a profissionalizante, mas a que fornece os ensinamentos básicos. "Não adianta encher os municípios de universidades e escolas técnicas. Isso vai ser só um paliativo se não houver pessoas preparadas com base suficiente para estudar nesses locais".

Segundo Carlos, outra razão para investir nesse nicho educacional é o impacto imediato que isso vai trazer no Emprego e Renda. "Com os filhos nesse tipo de escola, os pais poderiam ter mais tempo para se qualificar e recuperar essa lacuna histórica em termos de escolaridade. Isso, com certeza, aumentaria o valor de sua renda"
.(ISJ)
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com

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