terça-feira, 6 de setembro de 2011

Regata sensibiliza para preservação ambiental

Adultos e crianças concorreram às premiações  nas
diferentes categorias. O evento é tradicional na praia
e é atração para centenas de pessoas
MELQUÍADES JÚNIOR
Aracati. Existem dias em que o pescador só faz brincar. É como se fosse uma corrida descalço na terra quente que vai até uma parede, de lá bate e volta. A diferença é que é no mar. Uma das brincadeiras e, ao mesmo tempo, torneios mais tradicionais dos povos do mar de Aracati, a 14ª Regata de Jangadas dos Estêvão animou o último fim de semana na Praia de Canoa Quebrada. Em diversas categorias, teve regata dos adultos e das crianças, desde a jangada de madeira e pano à jangadinha feita com chinela e isopor. Além de expressão cultural, a regata de jangadas discute a preservação ambiental num dos destinos mais cobiçados do Brasil.

A regata de jangadas aconteceu no domingo, mas ela começou bem antes, com a preparação dos barcos. Quem já usa o seu para pescar, dá um trato na maquiagem: uma acentuada nas cores do emadeirado, outra costurada na vela e, não pode faltar, uma pincelada na vela, o cartão postal da jangada.

Para quem não pesca porque ainda não chegou a idade, produzir a própria jangada já é uma brincadeira. O garoto Alisson da Silva Santos, de 8 anos, utilizou material reciclável desses que as pessoas jogam no lixo e normalmente contribuem para as enchentes: isopor e plástico. Alisson é filho de pescador, neto de pescador, sobrinho de pescador, não tinha como não saber como se faz uma jangada.

A balsa foi cortada de isopor, e a vela foi feita com sacola plástica. O pecíolo da folha de coqueiro forma o mastro do barco a vela. Ao contrário dos maiores, os barquinhos de recicláveis se moviam as custas de empurro com a água. Como fazer chover na vela para dar a direção certa.

A 14ª Regata de Jangada é dos Estêvão, pequena comunidade que fica ao lado de Canoa Quebrada, de certa forma fazendo parte da mesma vila dessa famosa praia. "Comunidade abandonada pelos poderes públicos e que luta com as próprias forças, pela educação de seus cidadãos e por seu meio ambiente sustentável, em harmonia com a cultura e a natureza", define o ambientalista Tércio Vellardi, coordenador da ONG Recicriança, uma das realizadoras da regata de jangadas.

Vencedores

O torneio no mar deu-se em cinco categorias. As crianças vencedoras foram premiadas com roupas e chaveiros de brinde. E quem venceu na categoria mais iniciante foi a garotinha Samira, de apenas 5 anos. Também "sagrou-se" campeão o garoto Anderson, também filho de pescador. Nas categorias maiores venceram "Leleco" (Juvenil), Vítor (adulto em jangada pequena) e Enésio, em jangada grande.

A torcida gritava, aplaudia, mas nem sabia afinal quem teria chegado primeiro entre os adultos. "Eu estava mais aprumado, então a gente fez um acordo e eu fiquei com a colocação", disse seu José Pereira. Com a jangada "Miau", ele foi o vencedor. Para as duas principais categorias foram distribuídos até R$ 2 mil em prêmios.

MAIS INFORMAÇÕES
ONG Recicriança
Praia de Canoa Quebrada- Aracati
Tércio Vellardi, (88) 8811.6111
www.recicrianca.org.br

Melquíades Júnior
Repórter

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