sexta-feira, 22 de abril de 2011

Lula: ‘PT governará por 20 anos’

  

Ex-presidente diz que partido deve apostar em alianças com setores mais conservadores para conquistar eleitorado paulistano

“Quando o Fernando Henrique ganhou as eleições em 1994, eles projetaram 20 anos de governança do PSDB, e o que vai acontecer é que teremos 20 anos de governança do PT. Eles não se conformam com o fato de que o PT vai ter o tempo necessário para mudar definitivamente a cara do    Brasil”, afirmou o ex-presidente Lula, nesta quarta-feira, 20, em entrevista à TVT (TV do Trabalhador), que pertence ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde Lula começou sua carreira política.
O ex-presidente ironizou a profecia do tucano Sérgio Motta, ministro das Comunicações de FHC, que disse em 1995, que o PSDB tinha “um projeto de poder para 20 anos”. Para que a previsão se confirme, o partido terá que vencer as disputas presidenciais de 2014 e 2018, acumulando cinco vitórias seguidas desde a sua eleição, em 2002.
Lula disse que o PSDB sofre de “fragilidade ideológica” e não tem um “perfil ideológico definido”. Para ele, o quadro é agravado por “disputas internas” entre o ex-governador José Serra, o senador Aécio Neves (MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
“A crise do PSDB é uma crise de identidade. Primeiro, tem a disputa interna: Serra, Alckmin e Aécio. Depois, tem as brigas nos Estados. Pessoas estão desconfortáveis”, avaliou o ex-presidente, que afirma que uma vitória do PT na capital paulista está próxima. “Precisamos apenas montar a chapa perfeita”, declarou Lula, que, na véspera, defendeu, em uma reunião do partido, a escolha de um vice à sua direita, com perfil mais conservador.
“O PT não precisa encontrar um vice à esquerda do PT”, disse Lula. “O PT vai ganhar em São Paulo quando encontrar seu José Alencar. O que ele significou para mim em termos de composição política foi extraordinário. O vice tem que ser um representante de setores médios da sociedade, pequeno empresariado, profissionais liberais. Aquelas pessoas que ainda tem um pouco de cisma do PT”, afirmou o ex-presidente.
“Órfãos” de ex-adversários na mira
Na reunião de terça-feira, Lula prometeu ontem subir no palanque de candidatos a prefeito, e reforçou a necessidade do PT de ampliar o leque de alianças em São Paulo para avançar sobre a chamada nova classe média e os “órfãos do malufismo e do quercismo” nas eleições de 2012.
A classe emergente cobiçada por Lula é a mesma que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso definiu como alvo da oposição em artigo recente. Lula criticou FHC e o acusou de elitismo por dizer que os tucanos não devem disputar o “povão”. O petista também aposta em novas alianças para disputar o espólio eleitoral de dois rivais históricos: o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que perdeu força política, e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB), morto em 2010.
“O PT tem que ampliar a política de alianças para acenar para esses setores mais conservadores, como os órfãos do malufismo e do quercismo”, disse o presidente estadual do PT, Edinho Silva. Num sinal da nova ordem, o presidente do PT paulista deixou a reunião fazendo elogios ao prefeito da capital, Gilberto Kassab, que deixou o DEM para fundar o PSD.
“O movimento do Kassab tem que ser aplaudido por nós. No momento em que ele vem para a base de apoio da Dilma, nós não podemos ser contra. Temos de elogiar”, afirmou o presidente do PT paulista.
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