A exigência do Ministério Público Federal, por meio do TAC, pode atrapalhar a contratação
Fortaleza. A
adoção do transporte escolar nos municípios do Interior do Estado
cearense pode encontrar um entrave importante. É que com a
obrigatoriedade da assinatura da Carteira de Trabalho dos motoristas que
prestarão serviço às prefeituras, poderá ter carência destes
profissionais para realizar o serviço.
Os motoristas serão obrigados também a ter ainda a CNH, na categoria D Foto:Yacana Neponucena
O
alerta é do consultor econômico da Associação dos Municípios e
Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece), José Irineu de Carvalho. Segundo
ele, muitos destes condutores do transporte escolar, da zona rural, são
agricultores e com a formalização, por meio da assinatura da Carteira de
Trabalho, perdem o direito à aposentadoria rural.
"Quando se
ganha uma licitação é preciso assinar a carteira dos motoristas, mas se
eles tiverem o documento assinado, perdem automaticamente o direito da
aposentadoria rural que lhes é garantida porque são agricultores rurais.
Assim, haverá uma carência na contratação desses profissionais. Logo,
considero este o maior problema para os municípios com relação ao
transporte escolar", frisa Carvalho.
De acordo com a técnica em
Educação da Aprece, Ana Melo, até a execução do serviço, é preciso que
as Carteiras de Trabalho assinadas sejam apresentadas pelos contratados.
"Os
gestores devem conferir se os motoristas estão regularizados com
carteira de trabalho assinada e a empresa recolhendo os tributos",
explica.
Encontro
O tema foi um dos
assuntos abordados no último dia 16, pela Aprece, durante uma ação
preventiva da entidade, o Seminário de Orientação Técnica com
representantes de várias regiões do estado do Ceará.
O encontro
contou com a participação de gestores municipais, assessores jurídicos,
secretários municipais de Educação, entre outros servidores.
A
finalidade do Seminário foi repassar informações relevantes dos pontos
previstos no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), apresentado pelo
Ministério Público Federal, aos municípios cearenses, acerca da
prestação do serviço de transporte escolar nas cidades do Ceará.
Segundo
Melo, os gestores municipais devem estar atentos também a outra
exigência: a obrigatoriedade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
na categoria D para todos os condutores, até mesmo os que trabalham em
veículos de categoria de automóvel que estiverem sendo usados no
transporte escolar.
Entre os diversos pontos tratados durante o
encontro, a técnica em Educação da Aprece explicou aos presentes sobre
as situações específicas em que é permitida a subcontratação parcial do
serviço de transporte escolar, alertando para o perigo de práticas
ilícitas nesse sentido.
Ela destacou que é vedada a
subcontratação integral do serviço contratado pela administração
pública. "Tal fato viola o caráter competitivo da licitação e a isonomia
entre os licitantes alem de permitir a execução do serviço contratado
por pessoa sem a devida habilitação jurídica e qualificação técnica".
Na
oportunidade a Aprece aconselhou os gestores municipais a efetivar a
licitação por rota e por lote e discriminar de forma detalhada no edital
da licitação os itinerários que podem ser sublocados em casos
excepcionais. "O contrato deve ser preferencialmente proprietário do
veículo, podendo ser pessoa física ou jurídica", completa Melo.
Alerta
Um
outro alerta importante enfatizado pela Aprece foi o de que os
municípios cearenses serão responsáveis solidários com encargos
trabalhistas e previdenciários dos prestadores do serviço. A entidade
frisou ainda que também é necessário que sejam utilizados veículos
adequados e em número suficiente para a realização do transporte
escolar.
Ao final do evento, Melo sugeriu aos gestores municipais
que os mesmos elaborem um diagnóstico na sua cidade para levantar a
disponibilidade de motoristas com carteira de habilitação D, solicitando
posteriormente ao Departamento Estadual de Trânsito do Ceará a
realização, por região, de exames de habilitação nessa categoria.
Realidade
O
consultor econômico da Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado
do Ceará revela que atualmente o transporte escolar nos municípios
cearenses pode ser considerado de boa qualidade, mas que é necessário
ressalvas durante o inverno quando os ônibus, em bom estado de
conservação, não conseguem, muitas vezes, ter acesso as vias.
"As
rotas são cumpridas, mas é importante frisar que no período de chuvas o
acesso a alguns lugares fica inviável, restando, então, utilizar carros
como a D20, mas que tenham segurança no transporte", pondera.
Mais informações
Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará
Endereço: Av. Oliveira Paiva,
nº 2621, Seis Bocas, Fortaleza/CE Telefone: (85) 4006.4000
DENISE NUNESREPÓRTER
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