Além disso, o Ministério Público de Contas anunciou que irá fazer uma devassa nos 56 convênios para construção de kits sanitários entre a Secretaria das Cidades e associações do Interior
Em clima de constrangimento, Teodorico foi substituído no TCE pelo seu vice, Valdomiro Távora (GABRIEL GONÇALVES)Em meio à atmosfera de constrangimento que pairava ontem no Tribunal de Contas do Estado (TCE), durante a primeira reunião do pleno após o escândalo dos banheiros, o Ministério Público de Contas (MPC) anunciou que irá investigar 56 convênios entre a Secretaria das Cidades e associações do Interior do Ceará, incluindo aquelas ligadas ao próprio presidente da Corte, Teodorico Menezes. Este, que até a última sexta-feira continuava indo ao trabalho, resolveu sair de férias ontem, pressionado pelas denúncias.
Os 56 convênios que virarão alvo do MPC foram assinados em 2010, todos referentes à construção de kits sanitários no Interior. Conforme O POVO tem publicado desde a semana passada, parte dos kits prometidos não foi construída.
Além disso, pelo menos cinco das entidades responsáveis pelos banheiros são presididas por parentes (esposa e filho) de Teodorico Menezes e por funcionários do TCE – que, ao mesmo tempo, foram identificados como doadores de campanha do filho de Teodorico, deputado estadual Téo Menezes (PSDB).
À revelia do possível envolvimento de membros do Tribunal com o caso, o Ministério Público pede que o Governo suspenda imediatamente os repasses de verba para as associações conveniadas. Em relação à Associação Cultural de Pindoretama (ver quadro ao lado), município onde O POVO verificou que não há banheiros construídos, o MPC quer que a Procuradoria Geral do Estado bloqueie as contas bancárias da entidade.
As investigações ficarão a cargo do Ministério Público, mas qualquer decisão sobre o futuro de Teodorico estará nas mãos dos próprios conselheiros do TCE – colegas, em sua maioria, do presidente. Apesar disso, o conselheiro Edilberto Pontes, relator de um dos processos, afirmou que “apesar de gostar dele, acima de tudo estão as Instituições”.
Clima tenso
Constrangedor, preocupante e desconfortável foram apenas alguns dos adjetivos usados pelos integrantes da Corte para descrever o clima no TCE desde o início do escândalo. Os conselheiros ouvidos pelo O POVO disseram não saber da ligação de funcionários da Casa com associações do Interior.
ENTENDA O CASO
14 de junho
O POVO publica que Associação Cultural de Pindoretama recebeu R$ 400 mil da Secretaria das Cidades para construção de 200 kits sanitários, mas, terminado o prazo de conclusão, não se sabe onde estão as obras. A reportagem descobriu ainda que o endereço da Associação não existe.
15 de junho
O POVO revela que Renata Pinheiro Guerra, presidente da Associação Cultural de Pindoretama, trabalha no TCE. Ela foi nomeada para o cargo comissionado de assessor técnico na Assessoria de Cerimonial e Relações Públicas do tribunal. Ministério Público decide abrir investigação.
16 de junho
A repórter Lucinthya Gomes constata que tijolos, areia e vasos sanitários são colocados às pressas em terreno de um motel inacabado no distrito de Pratiús. O imóvel é a nova sede da Associação Cultural de Pindoretama.. O POVO descobre ainda que, segundo a Justiça Eleitoral, Renata Guerra fez doações acima do permitido para a campanha do deputado Téo Menezes (PSDB), nas eleições do ano passado. O parlamentar é filho do presidente do TCE, Teodorico Menezes. Ela é exonerada do cargo.
19 de junho
O POVO publica que a mulher, o filho e um dos assessores do presidente do TCE, Teodorico Menezes, também presidiram entidades que assinaram convênio com a Secretaria das Cidades para a construção de kits sanitários, nos municípios de Pacajus e Horizonte. Ao todos, os contratos superaram R$ 1,1 milhão de reais. População afirma que nunca ouviu falar de associação e dos kits.
Hébely Rebouças
hebely@opovo.com.br
Fonte: http://www.opovo.com.br
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